Após a Criação do Mundo, após o Paraíso, encontramos novas semelhanças com mais uma história bíblica posterior: o Dilúvio. Na mitologia babilônica temos uma correspondência no Épico (ou Epopeia) de Gilgamesh. O mito nasceu porém na Suméria, passou para os babilônios e destes para os hebreus e muitas outras civilizações, no qual cada um conta de sua forma. Os hebreus apenas plagiaram uma história existente.
Assim, também o Dilúvio aparece na Epopeia de Gilgamesh babilônica (na 11° placa), mas existe antecedentes sumérios, provados por outras placas de argila com escrita cuneiforme desenterradas em Nippur. Nestas mesmas placas sumérias para além do Dilúvio surgem descrições sobre a cosmogonia e cosmologia e trechos sobre a própria Criação do Homem. Fala-se ainda de cinco cidades nos tempos ante-diluvianos. O texto é como que um relato efetuado por uma divindade a outras, sobre o salvar-se a Humanidade da destruição total, devendo depois o Homem construir novas cidades e templos aos deuses
O Dilúvio segundo os sumérios
"A minha humanidade, na sua destruição farei (...),
A Nintu eu farei voltar o (...) das minhas criaturas,
Eu farei voltar o povo às suas instalações,
Nas cidades eles construirão lugares consagrados às leis divinas,
Tornarei repousante a sua sombra,
Das nossas casas, eles colocarão os tijolos em lugares puros,
Os lugares das nossas decisões, eles os restabelecerão em lugares puros".
Ele dirigiu a pura água apagadora do fogo,
Aperfeiçoou os ritos e exaltou as leis divinas,
Sobre a Terra ele colocou (...)
Depois de An, Enlil, Enki e Ninhursag
Terem criado as gentes de cabeça negra,
A vegetação brotou luxuriante da Terra,
Animais, (as criaturas) de quatro patas da planície, foram sabiamente trazidas à existência.
Depois da realeza ter descido do Céu,
Depois de a teara sublime e o trono da realeza terem descido do Céu,
Ele aperfeiçoou os ritos e exaltou as leis divinas
Fundou as cinco cidades em lugares puros,
Chamou-as pelos seus nomes, distribuiu-as como centros de culto.
A primeira destas cidades, Eridu, ele deu-a a Nudimmud, o chefe,
A segunda, Badtibira, ele deu-a a (...),
A terceira, Larak, ele deu-a a Endurbilhursag,
A quarta, Sippar, ele deu-a ao herói Utu,
A quinta, Shuruppak, ele deu-a a Sud.
Quando ele deu os nomes a estas cidades, distribuiu-as como centros de culto.
Ele trouxe (...)
Estabeleceu a limpeza dos regatos...
Há falhas no texto original onde os deuses tomam a decisão sobre o dilúvio. O texto volta a ser conciso na altura em que se fala de Ziusudra, o correspondente sumério ao Noé bíblico ou ao Ut-Napshitim babilônico É tido como um rei piedoso, temente aos deuses e atento às revelações divinas, transmitidas por "sonhos e encantamentos". Ziusudra está junto a uma muralha quando a voz divina lhe anuncia que a assembleia dos deuses decidiu provocar um dilúvio e "destruir a semente do gênero humano".
"O Dilúvio (...)
Assim foi tratado (...)
Então Nintu chorou
A pura Inanna entoou uma lamentação pelo seu povo,
Enki aconselhou-se consigo mesmo,
An, Enlil, Enki e Ninhursag...
Os deuses do Céu e da Terra pronunciaram os nomes de An e de Enlil
Então Ziusudra, o rei, o pashishu,
Construiu um gigantesco (...)
Humildemente, obediente, reverentemente, ele
Diariamente ocupado, constantemente, ele
Produzindo todas as espécies de sonhos, ele
Invocando o Céu e a Terra, ele,
Os deuses, uma muralha,
Ziusudra, de pé a seu lado, escutava:
"Permanece junto da muralha à minha esquerda...
Junto da muralha eu dir-te-ei uma palavra, escuta a minha palavra,
Ouve as minhas instruções:
Por nosso (...) um Dilúvio varrerá os centros do culto;
Destruir a semente da humanidade.
É a decisão, a palavra da assembleia dos deuses.
Por ordem emitida por An e Enlil (...)
A sua realeza, a sua lei (ser-lhes-á posto fim).
(...)
Todos os vendavais, muitíssimo poderosos, atacaram em conjunto,
Ao mesmo tempo o Dilúvio assolou os centros do culto.
Depois de, durante sete dias e sete noites.
O Dilúvio ter assolado a Terra
E o grande barco ter sido sacudido pelos vendavais sobre as águas imensas,
Utu, aquele que espalha a luz no Céu e na Terra, surgiu,
Ziusudra abriu uma janela do grande barco,
O herói Utu introduziu os seus raios dentro do gigantesco barco.
Ziusudra, o rei,
Prosternou-se perante Utu,
O rei mata um boi, abate um carneiro.
An e Enlil disseram "respiração do Céu",
"respiração da Terra", pelos seus (...) se estendeu,
A vegetação ao sair da terra cresce.
Ziusudra, o rei,
Prosternou-se perante An e Enlil.
An e Enlil trataram Ziusudra com ternura,
Vida como a um deus lhe deram;
Respiração eterna como a um deus lhe ofereceram.
Então, a Ziusudra, o rei,
O preservador do nome da vegetação e da semente da humanidade,
Na terra da encruzilhada, a terra de Dilmun, o lugar onde o sol nasce, fizeram-no morar.
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